O delegado regional Rodrigo Cavalcanti ouviu, na manhã desta quinta-feira (7), na delegacia regional de Delmiro Gouveia, os dois envolvidos na morte do cabo da Polícia Militar de Sergipe Ronildo Santos Alves, 43, assassinado na madrugada do dia 1 deste mês, em uma estrada vicinal, próximo ao Assentamento Dois Irmãos, em Piranhas.

Em depoimento, Décio de Oliveira Sandes confessou que matou o Cabo Ronildo Alves e atirou em José Ailton de Souza Santana, 30, em legítima defesa. José Ailton revelou para o delegado que Décio tinha comprado ao policial militar um “carro de estouro” e o estaria devendo. Por isso, Ronildo teria planejado o seqüestro e a execução de Décio como um acerto de contas.

José Ailton Santana relatou que ele e o PM algemaram Décio, o colocaram na mala de um Corsa Sedan, de cor dourada e placa NVN-7409/Aracaju e levaram para o local onde aconteceu o crime. Zé Ailton, como é conhecido, conta que o Cabo Ronildo não queria executar sua vítima algemada e resolveu tirar as algemas dela. Neste momento, Décio teria aproveitado a distração do policial para tomar sua arma. Os dois travaram uma luta corporal e, ao ouvir disparos, Zé Ailton confessou ter atirado nas costas de Décio que já estava de posse da pistola do PM a quem já tinha assassinado e o teria tingido com alguns disparos. A partir daí, Zé Ailton alega ter perdido os sentidos e não lembrar de mais nada.

Perguntado se teria usado alguma faca para ferir o policial, Décio de Oliveira negou e assumiu apenas os disparos de arma de fogo. Ele atribui um corte no pescoço do policial a um possível tiro de raspão.
Sobre o desaparecimento das armas envolvidas no crime, Décio alegou que um homem se dizendo ser policial teria passado na localidade. Mas, sobre a primeira versão de que o suposto policial teria levado as armas, Décio volta atrás e diz não lembrar se foi ele ou outras pessoas que estiveram no local.

Rodrigo Cavalcanti analisa que diante do caso, apesar de ter confessado assassinar o PM sergipano e ferir a bala seu companheiro, Décio pode ser amparado por uma excludente de ilicitude (Legítima Defesa), caso não seja comprovado que houve excesso. Já José Ailton vai responder por tentativa de homicídio.

Mesmo com o crime já desvendado, o delegado adiantou que pediu a prorrogação do prazo para concluir o inquérito enquanto aguarda os laudos técnicos do Instituto de Criminalística (IC) e o Instituto Médico Legal (IML).

Os dois envolvidos ficaram durante cinco dias internados na Unidade de Emergência de Arapiraca. Após permissão médica, foram encaminhados para a delegacia onde foram ouvidos e estão detidos. Nas carceragens, Décio realiza todas suas atividades sem dificuldades, já Zé Ailton está usando fraudas geriátricas e não consegue se levantar de um colchão, além de depender de terceiros para qualquer outra ação ou necessidade.